CULMINÂNCIA DOS PROJETOS DA EDUCAÇÃO
A
Secretaria de Educação de Cocal do Sul tem incentivado os professores a
apresentarem seus projetos na “culminância”. Quando ouvi essa palavra pela
primeira vez, achei um pouco esquisita. Mas, já a associei com “cume” que
significa o ponto mais alto de um monte. Então, foi fácil relacioná-la à
Educação: culminância é o momento de apresentação ou a entrega de um projeto
desenvolvido para garantir aos alunos aprendizagem e que se espera que tenha
sido concluído com sucesso, que tenha permitido aos alunos partir de um estágio
menor de conhecimento para outro maior.
A
intenção da Secretaria de Educação era que os professores da mesma disciplina
da rede municipal se reunissem e elaborassem coletivamente seus projetos. No entanto,
não foi previsto um tempo para esses encontros e para isso acontecer teríamos
que nos organizar em horários à noite ou nos fins de semana. Não é fácil
elaborar projetos em grupo nessa vida corrida de professor. Não é má vontade
dos educadores: é falta de tempo para discutir ideias, planejar atividades e
avaliar o andamento do processo de ensino. Esse é um dos motivos do nosso
trabalho ainda ser muito solitário: em casa, planejamos nossas aulas, com os
alunos as desenvolvemos e nós mesmos as avaliamos. Algumas vezes, conseguimos
conversar com a Orientação Escolar ou com a Direção da Escola sobre nossa
metodologia, sobre os resultados das provas e sobre nossas angustias e
alegrias.
Em nossa carreira
profissional, cansamos de ouvir falar da importância dos projetos e raras
escolas foram capazes de se organizar e trabalhar verdadeiramente dentro dessa
linha. Com o tempo, acabei acreditando mais no que o professor da UNESC, Ademir
Damázio, nos disse num encontro: “Eu não acredito em projetos, acredito em boas
atividades”. Verdade! Há tantas atividades maravilhosas acontecendo dentro das
salas de aulas e os projetos acabam em tentativas!
Enquanto eu editava as
fotografias e os vídeos de um trabalho que desenvolvi com a turma 603 (6º Ano)
da E.E.F. Demétrio Bettiol, fiquei emocionada. Meu objetivo principal era que
eles assimilassem os conceitos de área e de perímetro. Percebo que o aluno que
não compreende bem esses conteúdos está fadado a não entender álgebra, equação
de 2º grau e o Teorema de Pitágoras, por exemplo. Para isso acontecer planejei
atividades com papel quadriculado, recortes de jornais, medimos a quadra e
construímos jogos. Costumo ter comigo uma câmera digital e por isso registrei
alguns momentos. Depois, analisando as imagens e nossas ações, percebi quanta
coisa fazemos e não notamos que são essências na vida das nossas crianças. É
claro que tive que cortar a cena em que tenho que interromper as explicações
porque um aluno reclamou que o outro estava lhe chamando de apelidos! Sob a
sombra de uma árvore dei minha bronca... Mas entendo que essas situações
desagradáveis fazem parte da vida coletiva, do papel de educador, da missão de
corrigir as falhas humanas. O que me encantou mesmo foi vê-los pintando,
recortando, contando, perguntando e aprendendo. Avaliei que eu e meus colegas
não devemos sentir tanto aquela sensação de que a nossa missão não foi
cumprida!
No dia 29 de agosto
acontecerá, no Centro Comunitário de Cocal do Sul, a exposição de trabalhos,
apresentações artísticas e produções dos projetos desenvolvidos pelas escolas
da rede municipal no 1º semestre desse ano. É importante que toda a comunidade
escolar visite para conhecer as coisas boas que acontecem dentro das escolas.
Necessitamos trocar experiências com outros professores. Precisamos mostrar aos
pais que trabalhamos para o crescimento intelectual e humano de seus filhos.
Devemos mostrar que temos condições de superar as dificuldades de ensino. Temos
que sentir orgulho do que sabemos fazer com qualidade!
Professora da E.E.F. Demétrio Bettiol