domingo, 8 de setembro de 2013

ENTREVISTA COM O PROFESSOR RODRIGO


Cocal do Sul tem um documentário sobre o Boi de Mamão. São alunos criando cultura para a cidade.
O Cocal Comunitário fez uma entrevista com o professor Rodrigo Cardoso, de musicalidade, responsável pela apresentação do Boi de Mamão, juntamente com os alunos da Escola Demétrio Bettiol, de Cocal. O videomaker de Urussanga, Danilo Anastácio, foi o responsável pelo documentário.

Cocal Comunitário: Como surgiu a ideia de fazer um documentário?
Rodrigo Cardoso: A ideia surgiu da necessidade do registro mesmo. Se fez muito pelo boi até hoje e pouco se registrou. Pouca coisa se tem de material do Boi de Mamão e pouco é lembrado. Então, como temos essa tradição de praticamente 15 anos na Escola Demétrio Bettiol, decidimos registrar. E eu não queria que fosse um simples registro. Queria algo que valorizasse os alunos como artistas populares, que foi o que na minha opinião aconteceu no vídeo.

Cocal Comunitário: De quem partiu esta iniciativa de gravar um documentário? Quem realizou a produção e gravação do documentário?
Rodrigo Cardoso: A parte de ideias foi minha. Queria algo documental, que mostrasse o lado das crianças mais do que eu como professor. Queria que houvesse destaque dos alunos mesmo. A gravação foi feita pelo Danilo Anastácio, colega meu de Urussanga, que já tem trabalhos realizados na área. Ele tem gravado clipes, shows, entrevistas e outros materiais.

Cocal Comunitário: Quem são os alunos que aprecem no documentário?
Rodrigo Cardoso: Os alunos são da 801. Todos dessa turma participaram e já haviam realizado este trabalho no ano passado também, inclusive apresentando-se sozinhos, sem minha ajuda, na Praça Nereu Ramos em Criciúma. E foram muito elogiados sempre. É uma turma especial!

Cocal Comunitário: Você poderia falar um pouco sobre a experiência do documentário?
Rodrigo Cardoso: Documentar uma passagem tão bonita com uma turma tão dedicada é algo que fazemos corriqueiramente sempre. Sempre que um trabalho é realizado e ganha destaque, naturalmente é registrado. Mas eu queria mais. O Boi de Mamão me deu oportunidades de emprego na Demétrio, no Colégio Cocal. Eu acho que estava mais do que na hora de retribuir. Inclusive, porque todos sabem que nas festas Juninas e Julinas da cidade ele é a atração mais esperada. As crianças adoram, os adultos adoram, os da melhor idade adoram. É uma festa, uma brincadeira. Quis mostrar a alegria dos jovens fazendo o trabalho, o natural, a vontade. Registrar também o esforço de outros professores que fizeram os reparos, as construções dos bichos. Professores que passaram pela Demétrio Bettiol, todos tem participação neste vídeo, direta ou indiretamente.

Cocal Comunitário: Você poderia nos falar um pouco sobre esta cultura, este folclore do Boi de mamão?
Rodrigo Cardoso: A brincadeira do Boi veio da tradição Açoriana, dos imigrantes. Instalados nem diversas regiões do Brasil e de Santa Catarina, tinham crianças que desenvolveram a brincadeira para passar o tempo. Diz-se (não há registro oficial) que era utilizado um mamão para fazer a cabeça do boi, e que as crianças pregavam essa cabeça na ponta de um pedaço de pau, fazendo de boi. A tradição em que nos baseamos é a tradição de São Francisco do Sul. A história retratada e do Mateus, capataz de uma fazenda que tem uma mulher grávida e com desejo: ela quer comer língua de boi ensopada. Como não tinha alternativa pra comprar, nem para arranjar, sem querer que seu filho nasça com cara de boi, Mateus resolve matar, contrariado e triste, o seu boizinho. Depois entra o médico, o curandeiro ou feiticeiras, Urubus, Veado Campeiro, Cavalo Marinho, Maricota, Bernunça, Ursos, Macacos, Cabra, Cavalinho e por aí vai. Personagens variam de região para região.